quinta-feira, 3 de maio de 2012

Comércio popular de R$ 1,99 muda perfil para se adequar ao mercado em Blumenau

Consumidores exigem produtos de melhor qualidade e não se importam de pagar mais

Se você entrar numa loja de R$ 1,99 e encontrar poucos produtos com este preço, não se surpreenda. O perfil do comércio popular mudou nos últimos 10 anos. Você não encontra mais lojas com placas indicando que todos os produtos custam R$ 1,99. As indicações mudaram para "R$ 1,99 e etc" ou então para "tudo a partir de 1,99".

Segundo os comerciantes, a gama de produtos teve um salto na qualidade e com isso o preço também subiu. A febre do R$ 1,99 acabou diluída em outros preços.

A empresária Mariléia Naumann tem loja na Rua Benjamin Constant e explica:
— Quero dar qualidade ao consumidor, porém não dá pra fazer isso cobrando apenas R$ 1,99. Ainda não fazemos milagre — brinca.

Uma placa em frente a loja de Mariléia diz que os preços partem de R$ 1,99. Dentro, 20% da mercadoria tem esse preço. São chaveiros, objetos de cozinha, embalagens plásticas e brinquedos.

O restante - que vai de bolsas até faqueiros - alcança marcas de até R$ 89. O empresário Cleber Mantoanelli mantém uma loja de artigos populares na esquina das ruas XV de Novembro com a Namy Deeke.

Ele conta que os preços mudaram porque o valor dos impostos também aumentou muito.
— Hoje, ainda consigo manter 80% dos artigos a R$ 1,99 porque compro bastante em grande escala. Mas muitas coisas que temos na loja jamais poderiam custar tão pouco. Penso que o cliente sabe que está pagando um pouco mais porque está comprando com qualidade — afirma.

O pensamento de Mantoanelli se confirma entre os consumidores. A costureira Mércia Bertoldi, 39 anos, não se importa de pagar um pouquinho mais para ter produtos com maior durabilidade e que atendem mais sua necessidade.
— Mesmo não custando R$ 1,99 ainda é mais barato que nas outras lojas. Sempre procuro o comércio popular para comprar coisas de cozinha, panos de louça, pastinhas, esteiras para colocar o prato, essas coisas. Vale muito a pena — conta ela.

O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), Paulo Cesar Lopes, notou a mudança no perfil nas lojas de comércio popular. Ele confirma a tese dos comerciantes de que não há como sobreviver vendendo mercadorias com um preço tão baixo.

Além disso, também nota que o consumidor está cada vez mais exigente quanto à qualidade dos produtos. Os preços das lojas subiram, mas não perderam o R$ 0,99. Material escolar, flores artificiais, lembrancinhas de todos os tipos e artigos para o lar custam, em geral, R$ 2,99.

O professor do curso de Administração da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Rogério Raul da Silva, tem um nome para este fenômeno. Chama-se estratégia psicológica de precificação, onde as pessoas acham que pagar R$ 2,99 é quase mais em conta que pagar R$ 3,10, por exemplo.
— Elas são atraídas pelo R$ 0,99. Muitas vezes nem precisam destes produtos, mas compram porque entendem psicologicamente que é barato. De modo geral fazer compras é muito prazeroso e na maioria das vezes são compras de impulso — explica o especialista. 

Fonte: JSC

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